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sábado, 22 de março de 2014

SINAIS DA VINDA DE JESUS CRISTO

Nasa prevê que planeta está à beira do colapso

Crescimento previsto do consumo fará com que sejam necessários cinco planetas para abastecer a população AFP
Crescimento previsto do consumo fará com que sejam necessários cinco planetas para abastecer a população AFP
Setores como clima, energia e crescimento da população provocariam o fim da civilização, assim como ocorreu com o Império Romano
Publicado em O Globo
RIO – Impérios como Roma e Mesopotâmia entre tantos outros, espalharam-se por territórios imensos, criaram culturas sofisticadas e instituições complexas que influenciaram cada aspecto do cotidiano de seus habitantes — até, séculos depois, e por diversas razões, sucumbirem. A civilização ocidental segue o mesmo caminho e está a um salto do abismo, segundo um estudo divulgado ontem pela Nasa. As raízes do colapso são o crescimento da população e as mudanças climáticas.
O estudo foi baseado em um modelo desenvolvido por um matemático da Universidade de Maryland. Safa Motesharrei analisou ciências ambientais e sociais e concluiu que a modernidade não vai livrar o homem do caos. Segundo ele, “o processo de ascensão-e-colapso é, na verdade, um ciclo recorrente encontrado em toda a História”.
“A queda do Império Romano, e também (entre outros) dos impérios Han, Máuria e Gupta, assim como tantos impérios mesopotâmios, são testemunhos do fato de que civilizações baseadas em uma cultura avançada, sofisticada, complexa e criativa também podem ser frágeis e inconstantes”, escreveu em seu estudo, financiado pelo Goddard Space Flight Center, da Nasa.
Motesharrei lista os ingredientes para o fim do mundo. O colapso pode vir da falta de controle de aspectos básicos que regem uma civilização, como a população, o clima, o estado das culturas agrícolas e a disponibilidade de água e energia. O Observatório da Nasa já constatou diversas vezes a multiplicação de eventos climáticos extremos, como o frio intenso do último inverno na América do Norte e o calor que, nos últimos meses, afligiu a Austrália e a América do Sul. Seus estragos paralisam setores vitais para o funcionamento da sociedade.
A economia também desempenha um papel importante. Quanto maior for a diferença entre ricos e pobres, maiores as chances de um desastre. Segundo a pesquisa, a desigualdade entre as classes sociais pauta o fim de impérios há mais de cinco mil anos.
Com o desenvolvimento tecnológico, agricultura e indústria registraram um aumento de produtividade nos últimos 200 anos. Ao mesmo tempo, porém, contribuíram para que a demanda crescesse de um modo quase incessante. Hoje, se todos adotassem o estilo de vida dos americanos, seriam necessários cinco planetas para atender as necessidades da população. Por isso, segundo Motesharrei e sua equipe, “achamos difícil evitar o colapso”.
A pesquisa da Nasa, no entanto, ressalta que o fim da civilização ainda pode ser evitado, desde que ela passe por grandes modificações. As principais são controlar a taxa de crescimento populacional e diminuir a dependência por recursos naturais — além disso, estes bens deveriam ser distribuídos de um modo mais igualitário.
No documento, a agência lida mais com análises teóricas. Outros estudos mostram como crises no clima ou em setores como o energético podem criar uma convulsão social.
Ignorância sobre o clima
Outra pesquisa, divulgada ontem pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, faz uma espécie de cartilha para os principais debates sobre as mudanças climáticas.
Professor da Universidade da Califórnia, Mario Molina (vencedor do Nobel por ter descoberto a camada de ozônio) destaca que, devido às emissões de carbono, o clima é, hoje, mais imprevisível do que há milhões de anos. Molina alerta que os gases-estufa ficarão na atmosfera por mais de uma geração e que, por isso, é preciso tomar ações urgentes para reduz a emissão de gases-estufa.
Mesmo rodeado por fenômenos rigorosos, como nevascas e furacões, apenas 42% dos americanos acreditavam, em 2013, que a maioria dos cientistas estava convencido do aquecimento global. Molina ressalta que 97% da comunidade científica está certa da influência do homem. O relatório conclui que faltam informações básicas para a sociedade entender como é grave o momento atual.
[ Este post foi publicado em mundo ( O GLOBO) em  por .

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

HISTORIAS DE NATAL -- UMA REPRODUÇÃO DO BLOG DARWIN e DEUS

POR:  REINALDO JOSÉ LOPES.

parte 1 

                INTRODUÇÃO



Em plena contagem regressiva para o Natal, os próximos posts do blog vão explorar um pouco do que se sabe do ponto de vista histórico e de estudo textual do Novo Testamento, sobre as narrativas que deram origem a uma das festas religiosas mais importantes do planeta.

Em quase todas as religiões cristãs, a liturgia de Natal está cheia de momentos tocantes e inspiradores, da estrela de Belém aos “Reis Magos” (que na verdade não eram reis; taí uma discussão interessante…), dos pastores ao anjo Gabriel.

O que pouca gente percebe de forma consciente, no entanto, é que o quadro tradicional do Natal foi construído com base em duas narrativas bem diferentes, com perspectivas bastante distintas, uma do Evangelho de Mateus, a outra do Evangelho de Lucas.
Vale a pena dar uma relida nesses textos, nos primeiros capítulos dos dois evangelistas, antes da festa natalina.
Mas, em resumo, podemos dizer que:

1)Em Mateus, a perspectiva é basicamente a de José, pai adotivo do menino Jesus segundo a tradição cristã.
É no Evangelho de Mateus (e só no Evangelho de Mateus) que temos a história de que José pensou em abandonar Maria quando soube que ela estava grávida, que temos o aparecimento dos Magos e da estrela que os guia, que Herodes manda matar as crianças de Belém forçando a fuga da Sagrada Família para o Egito etc.

2)Em Lucas, por outro lado, a perspectiva é a de Maria, com momentos célebres como a Anunciação (quando o anjo Gabriel anuncia a Maria que ela ficará grávida), a história da gestação milagrosa de João Batista, considerado parente de Jesus por Lucas, os anjos e os pastores presentes na gruta de Belém e, aliás, toda a história da viagem de Nazaré a Belém por causa do recenseamento romano (Mateus não menciona esse fato).

Em diversos pontos, as narrativas parecem até se contradizer (Mateus, por exemplo, dá a entender que José e Maria moravam em Belém mesmo; as genealogias de Jesus são muito diferentes, como veremos etc.).

Muito mais do que simplesmente apontar essas contradições, no entanto, meu objetivo nos próximos posts é mostrar como os antigos autores cristãos usaram suas narrativas, dentro de sua mentalidade e do contexto do século 1º d.C., de modo que o nascimento de Jesus fosse retratado como um microcosmo de sua vida e sua missão.
 Até a próxima postagem!

parte 2: 

                      genealogias

22/12/13 - POR RLOPES
Aviso aos navegantes:
 Este é o segundo post de nossa série sobre aspectos históricos das narrativas bíblicas sobre o Natal.
Muita gente costuma passar batido pelas enormes genealogias que costumam aparecer nos textos bíblicos. Mas, para quem tem olhos para ver, elas são uma fonte riquíssima de informação, seja sob o ponto de vista histórico, seja sob o prisma teológico.
 No mundo antigo (como, de resto, até o começo do século passado, na verdade), comprovar a descendência a partir de algum ancestral famoso era um elemento importante de auto-afirmação social e até política. E o mesmo vale para as listas de dezenas de ancestrais de Jesus que aparecem no Evangelho de Mateus e no Evangelho de Lucas.
Começando com o mais óbvio, Mateus e Lucas enxergam os ancestrais de Cristo de maneiras bem diferentes. (Para quem tem interesse em acompanhar a discussão mais detalhadamente, vale a pena abrir sua Bíblia em Mateus, capítulo, versículos de 1 a 16, e em Lucas, capítulo 3, versículos de 23 a 38).
 O Evangelho de Mateus, o primeiro do Novo Testamento, inspira-se diretamente nas genealogias do Gênesis, o primeiro livro do Antigo Testamento, certamente porque tem o ponto de vista mais judaico de todos os evangelistas. Não é à toa que, logo de cara, Jesus recebe o título de “filho de Davi” (o maior rei da história de Israel) e “filho de Abraão” (o primeiro patriarca do povo israelita). A genealogia é o que nós esperaríamos hoje: começa-se com o ancestral mais antigo, Abraão, e chega-se ao descendente mais recente, Jesus.
Já Lucas, muito provavelmente escrevendo para um público não judeu, e talvez não sendo também de origem judaica, adota o que poderíamos chamar de uma perspectiva mais universalista. De um jeito mais esquisito para o nosso ponto de vista, começa com o próprio Jesus e vai recuando no tempo — mas, desta vez, em vez de parar em Abraão, chega até o próprio Adão, o “pai” de toda a raça humana, e ressalta ainda que Adão era “filho de Deus”, deixando claro que o interesse de Lucas é pregar Jesus como Salvador não só para os judeus, mas para toda a humanidade.
Não que essa preocupação estivesse totalmente ausente dos pensamentos de Mateus, no entanto. O primeiro evangelista é o único, em sua lista genealógica, a citar mulheres, e não só homens — e, curiosamente, com exceção de Maria, são todas mulheres não israelitas, originalmente “pagãs”: Tamar, Raab e Rute. Talvez seja uma pista de como os não judeus também seriam incorporados à “família” do Messias.

NOMES QUE NÃO BATEM
Até aí, tudo OK. Cada evangelista tinha sua própria técnica literária e seu público-alvo. A coisa começa a se complicar, no entanto — ao menos do ponto de vista de quem acha que cada vírgula do texto bíblico é a verdade literal incontestável —  quando se olha com atenção o “miolo” das genealogias. Eles simplesmente não batem, e as diferenças estão longe de serem triviais.
    Mateus, por exemplo, organiza sua genealogia em três grandes períodos de 14 gerações.
    O período do meio, o da monarquia israelita, mostra como ancestrais de Jesus todos os reis de Israel (e, depois, do reino de Judá), de Davi até a destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C.
    Na fase seguinte, chegamos a José e Jesus — só que há um problema aritmético sério: a conta dá 13 gerações, não 14, como Mateus explicitamente afirma. Ou algum escriba que copiou o evangelho “pulou” um ancestral, que desde então ficou perdido, ou Mateus simplesmente errou a conta. Mas o rolo é ainda mais complexo.
Ocorre que, de Davi em diante — um período de cerca de mil anos, veja bem — só três nomes de ancestrais de Jesus batem entre Mateus e Lucas: Salatiel, Zorobabel (na época do exílio dos judeus na Babilônia) e o próprio José.
 Segundo o primeiro evangelista, Jesus seria descendente direto do rei Salomão, filho de Davi, enquanto Lucas diz que ele descendia de Natã, um dos filhos menos conhecidos do rei Davi.
 O que é mais desconcertante ainda, enquanto Mateus conta apenas 14 gerações (oops, 13) do exílio da Babilônia até Jesus, Lucas conta… 22 gerações. Conciliar as duas listas como factualmente corretas com matemática não dá (talvez com matemágica…).
“Ah, mas a genealogia de Lucas é a de Maria e a de Mateus é a de José, fácil”, diriam alguns. Essa é a solução que algumas tradições religiosas adotaram, mas o problema — insuperável, a meu ver — é que Lucas diz explicitamente que aquela lista de ancestrais é a de José, não de Maria.
Ademais, o próprio Lucas diz que Isabel, mãe de João Batista e “parenta” de Maria, era descendente do sacerdote Aarão, e não do rei Davi. O que, salvo engano, indica que Maria era da linhagem sacerdotal israelita, não da linhagem real judaica — ao menos segundo o evangelista.
Como, então, explicar as diferentes genealogias?
Cada evangelista pode ter tido acesso a documentos diferentes listando os descendentes de Davi para montar seu “álbum de família” de Jesus. É o tipo de coisa que acaba ficando bagunçada depois de um milênio.

FILHO DE DAVI?
Uma última nota sobre questões genealógicas envolvendo o Nazareno: faz algum sentido histórico se perguntar se ele descendia mesmo do jovem rei que matou Golias?
Do ponto de vista estritamente secular, deixando a fé entre parênteses, a resposta curta é: não dá para saber. Sem DNA dos dois (Davi e Jesus), nunca saberemos.
 Mas o que podemos nos perguntar é se os contemporâneos de Jesus acreditavam nisso, e nesse caso é provável que a resposta seja afirmativa.
Os mais antigos documentos cristãos, as cartas do apóstolo Paulo, escritas nos anos 50 do século 1º d.C. (uns 20 anos depois da morte do Nazareno, portanto), já mencionam a tradição da ascendência davídica.
 Em sua Carta aos Romanos, Paulo diz logo na abertura da epístola que Jesus tinha “nascido da semente de Davi, segundo a carne”.
A afirmação parece estar inserida numa espécie de profissão de fé cristã muito antiga, que o próprio Paulo não formulou, mas apenas estaria citando. Parece, portanto, que a crença na pertença de Cristo à família de Davi era comum entre os primeiros cristãos.
Uma consideração probabilística cabe aí também, claro: se os reis israelitas tinham 5% da vasta quantidade de esposas e concubinas atribuídas a eles nos textos do Antigo Testamento, depois de um milênio, torna-se virtualmente certo que Jesus descendia de Davi — ele e boa parte da população judaica de seu tempo, claro.



  parte 3: 
                      quando Jesus nasceu?

23/12/13 - POR RLOPES

Aviso aos navegantes: este é o segundo post de nossa série sobre aspectos históricos das narrativas bíblicas sobre o Natal
Nosso tema de hoje parece absurdamente simples, mas na verdade é um vespeiro. Afinal, se estamos em 2013, Jesus nasceu há 2013 anos, certo? Errado, a começar pelo fato de que ninguém conhecia o zero no Mediterrâneo da Antiguidade, então começamos a contar os anos diretamente no ano 1, em vez de esperar que todos os 12 meses do “ano zero” transcorressem.
Além disso, como muita gente talvez saiba, já é consensual entre os historiadores que a própria fixação da data do nascimento de Jesus como o início do nosso calendário, feita originalmente pelo monge Dionísio, o Pequeno (470-544), infelizmente contém um erro de cálculo.
Dionísio, nascido em algum lugar entre as atuais Romênia e Bulgária, fixou a data do nascimento de Cristo no ano 753 AUC (sigla da expressão latina “ab urbe condita”, ou seja, “depois da fundação da cidade” — a cidade em questão sendo Roma).
Ocorre que, se essa data fosse a correta, Jesus teria vindo ao mundo depois da morte do rei Herodes, o Grande (o qual partiu desta para uma melhor — ou pior, levando em conta as malvadezas que praticou — no ano 4 a.C.).
 E, se há uma coisa a respeito da qual todas as fontes antigas concordam, é que Jesus nasceu quando Herodes ainda era rei.
 No mínimo, portanto, no ano 4 a.C., ou antes.
Mas quando exatamente, afinal?
 O Evangelho de Mateus é vago — diz apenas que foi “no tempo do rei Herodes”.
Já Lucas parece ser muito mais detalhado e promissor para chegarmos a uma resposta histórica.
Afinal ele associa a ida de Maria a José de Nazaré a Belém para cumprir as determinações de um censo decretado pelo imperador Augusto para todos os moradores do Império Romano. Esse censo teria sido decretado quando Quirino era o governador da Síria e, de novo, quando Herodes reinava na Judeia.
Além disso, Lucas também diz que Jesus tinha “cerca de 30 anos” no décimo-quinto ano do reinado do imperador Tibério, ou seja, em torno dos anos 28-29 d.C. do nosso calendário.
Agora ficou fácil, hein?
Só que não. O problema, de novo, é que as informações não batem.
Começando do começo: não há indícios, fora do Novo Testamento, de que Augusto tenha de fato ordenado um recenseamento geral de todos os habitantes de seu império em qualquer momento – nem que, aliás, esse tipo de censo de todos os domínios romanos tenha jamais acontecido.

É verdade que Augusto pediu certa feita, que os governadores das províncias fizessem uma lista de todos os cidadãos romanos de suas jurisdições, mas isso é algo bem diferente, porque os cidadãos romanos eram uma proporção minúscula de gente privilegiada e da classe alta no século 1 d.C. – carpinteiros de Nazaré certamente não se encaixavam nessa categoria.
E, para piorar a coisa do ponto de vista cronológico, essa ordem de Augusto só foi dada no ano 6 – dez anos depois da morte de Herodes, portanto.
 E tem mais esquisitices cronológicas nessa história.
O consenso entre historiadores é que Quirino só se tornou governador romano da Síria depois da morte de Herodes — de novo, no famigerado ano 6 d.C., permanecendo no cargo até o ano 12.
Pode até ser que ele tenha tido uma primeira passagem pelo governo da Síria, mas ainda assim no ano 3 a.C. – o rei vilão dos judeus já tinha morrido, de qualquer modo.

SÓCIO DOS ROMANOS

Outros detalhes importantes não são propriamente cronológicos, mas de plausibilidade histórica mesmo. Herodes era o que os romanos chamavam de rex socius, um soberano aliado, e as populações sob o mando desse tipo de rei títere dos romanos não costumavam ser recenseadas porque o propósito desse tipo de censo era cobrar impostos, coisa que Roma não fazia diretamente nesses casos.
Outro ponto esquisito é a ideia de que José, um descendente de Davi, teria de ir se registrar em Belém, cidade de seus ancestrais remotos (Davi nasceu em Belém cerca de mil anos antes de Jesus, é bom lembrar).
 A prática romana era exigir que apenas o chefe de família se registrasse num centro administrativo próximo, para facilitar as coisas – José, portanto, deveria ir até a cidade galileia de Séforis, não a Belém.
É por tudo isso que a verdadeira “data de nascimento” do Nazareno infelizmente continua sendo vaga.
Os detalhes usados por Lucas provavelmente são criações literárias usadas para situar Jesus no contexto do Império Romano e, talvez, de retratá-lo em contraposição aos imperadores romanos — tema que vamos explorar melhor no próximo post.


parte 4:
                                       A política da manjedoura  
24/12/13 - POR RLOPES
Aviso aos navegantes: este é o quarto e último post de nossa série sobre aspectos históricos das narrativas bíblicas sobre o Natal
     Como tenho tentado explicar nos últimos dias, é importante pensar nos chamados Evangelhos da Infância, os textos sobre o nascimento e os primeiros anos da vida de Jesus escritos pelos evangelistas Mateus e Lucas, como algo mais do que um simples relato factual do que aconteceu em Nazaré, Belém e Jerusalém no “ano 1 — até porque, do ponto de vista factual, esses textos estão longe de contar a mesma história.
    Levando em conta a mentalidade e o contexto cultural da época, é mais lógico e produtivo pensar no que os evangelistas estão tentando dizer quando montam suas narrativas de determinada maneira.
Os Evangelhos da Infância, em outras palavras, mais do que uma transcrição dos vídeos que José e Maria fizeram da gravidez e do nascimento do menino (vídeos inexistentes, claro), são introduções ao que os evangelistas querem dizer com a história geral de Jesus.
É o primeiro esboço da resposta às perguntas: quem é Jesus? E o que a vinda dele ao mundo significa? É desse ponto de vista que não é nem de longe inexato dizer que essas narrativas também têm forte conteúdo político.
É assim que muitos historiadores têm lido os Evangelhos da Infância, em especial os primeiros capítulos do Evangelho de Lucas. Um bom detalhamento dessa posição está no livro “O Primeiro Natal”, de Marcus Borg e John Dominic Crossan. Eles e outros pesquisadores enxergam uma série de paralelos intrigantes entre o relato de Lucas e a chamada teologia imperial romana — essa, basicamente, é o sistema ideológico usado por Roma para justificar sua dominação de boa parte do mundo antigo.
AUGUSTA PROPAGANDA
Sabemos que, nas décadas imediatamente anteriores ao nascimento de Jesus, vários anos de guerra civil entre os principais políticos romanos chegaram ao fim com a ascensão ao poder de Augusto, o primeiro imperador, que reinou de 27 a.C. a 14 d.C. Augusto não perdeu tempo do ponto de vista ideológico, fortalecendo a ideia de que seu pai adotivo e tio-avô, Júlio César, teria se tornado um deus (tornando-se, por tabela, filho de um deus, claro) e dando impulso a um culto de si próprio com honras divinas.
Textos espalhados por boa parte das províncias romanas, em especial na Ásia Menor (atual Turquia), passaram a louvar Augusto como o governante de origem divina que trouxe paz ao mundo. Logo surgiram histórias de que Augusto não era filho de um ser humano, mas do próprio deus Apolo, que teria fecundado a mãe dela na forma de uma serpente.
 E adivinhe o verbo grego usado pela propaganda oficial do império para exaltar os feitos de Augusto? O mesmo verbo que deu origem ao nosso “evangelizar” — ou seja, a “boa nova” de Augusto e de seus sucessores, todos os quais seguiram o exemplo de se autodivinizar.
É claro que boa parte disso era conversa pra boi dormir. Sim, de fato, o domínio com mãos de ferro de Augusto acabou com as guerras civis que mobilizaram o Mediterrâneo, mas a “pax romana” do novo imperador foi forjada para beneficiar apenas as elites do Império. Com a centralização política cada vez maior e a ânsia imperial por monumentos cada vez mais magníficos, quem pagava a conta dessa paz eram as grandes massas de camponeses do Império, obviamente sem os privilégios da cidadania romana — sem falar, é claro, dos inúmeros escravos.
E, é claro, na terra de Israel, a população judaica tinha perdido sua independência política, sendo governado por Herodes, um rei fantoche dos romanos, sanguinário e viciado em obras faraônicas. Ainda não havia a pressão para que os judeus se juntassem ao culto pagão do imperador. Mas, nas gerações seguintes ao nascimento de Jesus, com a revolta judaica contra Roma (no ano 66 d.C.) e a entrada cada vez maior de gentios (não judeus) no movimento religioso iniciado por ele, esse tipo de pressão em favor da idolatria ao imperador logo surgiria, fazendo mártires.
É nesse contexto que as escolhas narrativas e de linguagem que Lucas e Mateus fazem precisam ser entendidas. É muito plausível que seu significado seja o de uma forma de resistência pacífica, mas determinada, ao “projeto de mundo” da “Pax Romana”, propondo um projeto alternativo: o de Jesus. Nas palavras de Borg e Crossan:
“As histórias do primeiro Natal são, em geral, anti-imperiais. Em nosso contexto, isso significa afirmar, seguindo as histórias da natividade, que Jesus é o Filho de Deus (e o imperador não é), que Jesus é o Salvador do mundo (e o imperador não é), que Jesus é o Senhor (e o imperador não é), que Jesus é o caminho para a paz (e o imperador não é)”.
De fato, são esses os termos usados em grego pela teologia imperial romana para falar de Augusto: filho de Deus, Senhor, Salvador do mundo, portador da boa nova (“evangelho”). Só que essas palavras, em Lucas, são colocadas na boca dos humildes e dos oprimidos: a jovem Maria, sua parenta Isabel (desprezada por ter chegado aparentemente estéril à velhice antes de engravidar e ser mãe de João Batista), os pastores de Belém.
Para terminar, e deixando de lado a objetividade jornalística para falar como cristão: é essa visão, revolucionária no bom sentido, que está no centro da saga de Jesus e do Deus que ele pregou, e é graças a ela que o Natal continua sendo um símbolo tão poderoso do que é divino.
 Que todos, portanto, tenham um Natal maravilhoso. Até breve!

Um blog sobre teoria da evolução, ciência, religião e a terra de ninguém entre ELAS.
Autor: Reinaldo José Lopes, jornalista de ciência

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O acontecimento

Todos os anos , no 31 de dezembro há festejos  e comemorações  pela chegada de um novo ano. Como cristão, sempre me pergunto qual a diferença que há para Deus em um acontecimento de cunho totalmente humano? O que muda no nosso relacionamento com Deus?  Será que há diferença entre ser 2011 ou 2012?  Será que Deus irá mudar sua forma de agir só porque houve mudança na maneira dos homens contar os dias? Qual o verdadeiro sentido para os cristãos comemorarem com tanta euforia a "virada do ano"? 
Tenho buscado e não encontrei respostas para isso. Não encontrei nada na Bíblia que sirva de base para essas festanças em nossas igrejas. Ainda creio que as transformações na vida das pessoas independem totalmente de que ano seja. Não consigo conceber O DEUS soberano criador de todas as coisas se pautando por calendários humanos. Como prova que toda essa parafernália de "passagem de ano" é uma invenção puramente humana reproduzo a seguir uma matéria do Jornal O Globo tratando sobre este tema: 


Calendário faria Natal sempre cair no mesmo dia da semana

Proposta de cientistas eliminaria variação de ano a ano nos dias das datas
Publicado:27/12/11 - 17h32
Atualizado:27/12/1 

RIO - Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, descobriram uma maneira de fazer o tempo parar, pelo menos no caso da variação dos dias da semana que as datas caem de ano a ano. Com ajuda de programas de computador e fórmulas matemáticas, o astrofísico Richard Conn Henry e o economista Steve H. Hanke, criaram um novo calenário em que cada período de 12 meses seria exatamente igual ao anterior. Assim, se o Natal deste ano caiu em um domingo, ele continuaria a ser comemorado no mesmo dia da semana pelo resto da eternidade. No novo calendário, os meses de março, junho, setembro e dezembro teriam 31 dias, enquanto todos os demais ficariam com 30.
- Nossa proposta oferece um calendário estável que é absolutamente idêntico de ano a ano e permite um planejamento permanente e racional das atividades, desde os anos letivos até os feriados – defende Henry. - Imagine o tempo e esforço despendidos todo ano no planejamento de cada organização no mundo e fica claro que nosso calendário tornaria a vida mais simples, com benefícios dignos de nota.
Além das vantagens práticas de aniversários e feriados caírem sempre no mesmo dia da semana, os benefícios econômicos seriam ainda maiores, considera Hanke, especialista em economia internacional e política monetária.
- Nosso calendário simplificaria os cálculos financeiros – conta. - A contagem diária é necessária para determinar os juros acumulados por hipotecas, títulos e outros instrumentos e nosso calendário atual está cheio de anomalias que levaram ao estabelecimento de várias convenções numa tentativa de simplificar esses cálculos. Já nosso calendário permanente tem um padrão trimestral previsível de 91 dias, com dois meses de 30 dias e um terceiro de 31 dias, que nos livra destas convenções artificiais na contagem diária.
Segundo Hanke e Henry, seu calendário é uma melhoria de vários outros apresentados por indivíduos e organizações ao longo do último século.
- As tentativas de reforma fracassaram no passado porque todas elas envolviam a quebra do ciclo de sete dias da semana, o que não é aceitável por muitas pessoas por violar o mandamento de guardar os sábados e nossa versão nunca quebra este ciclo – explica Henry.
Segundo ele, o novo calendário é mais conveniente e fácil de usar que o o atual gregoriano, instituído há mais de quatro séculos, quando em 1582 o Papa Gregório alterou o calendário instituído por Júlio César em 46 a.C.. Numa tentativa de sincronizar o calendário juliano com as estações, o papa removeu 11 dias de outubro naquele ano, com o dia 15 se seguindo ao dia 4. Esse ajuste foi necessário para lidar com o mesmo problema complexo que faz tão grande desafio a criação de um novo calendário: o fato de que cada ano terrestre dura exatamente 365,2422 dias.
Hanke e Henry resolveram o problema dos pedaços extras de dias abandonando os anos bissextos em favor de uma semana extra a ser adicionada ao fim de dezembro a cada cinco ou seis anos, sincronizando o calendário à mudança das estações enquanto a Terra orbita o Sol.
Além de defenderem a adoção do novo calendário, Hanke e Henry querem abolir os fusos horários em favor de uma “hora universal” de forma a sincronizar datas e horas em todo mundo, favorecendo os negócios internacionais.
- Uma mesma hora e uma mesma data em todo o mundo – argumentam em artigo a ser publicado em janeiro do ano que vem no periódico “Global Ásia”. - Reuniões de negócios, tabelas de campeonatos e anos letivos seriam idênticos todos os anos. A cacofonia de fusos horários, horários de verão e flutuações de calendários de hoje estaria encerrada. A economia – e todos nós – receberia um dividendo de harmonização permanente.
Leia mais sobre esse assunto em

domingo, 23 de outubro de 2011

A CIDADE E A BÍBLIA

De acordo com a ONU, a previsão é que até 2020 a população urbana global atingirá 4,2 bilhões. Os estudos indicam que até lá mais 136 cidades no mundo chegará a marca de 10 milhões de habitantes. Essa expansão das megalópoles está multiplicando os problemas da sociedade. (1)
Os principais problemas ou desafios que são enfrentados pelas cidades são: VIOLÊNCIA, DEGRADAÇÃO DOS CENTROS, AR POLUÍDO, ENCHENTES, e FALTA DE LUGAR PARA DISPOR O LIXO. 
A maior consequência gerada  por esses problemas é a DEVASTAÇÃO AMBIENTAL. A poluição dos rios, aliado a destruição das matas e das reservas ecológicas afim de produzir alimentos para essa população, é algo avassalador. [deve-se sempre ter em mente, que para alimentar cada habitante da cidade é necessário produzir três vezes mais que o produzido para alimentar o homem do campo. O desejo em parceria com o desperdício, exigem uma produção constante, acarretando o uso de meios artificiais para manter os produtos na mesa da população mesmo fora da época propícia].
Por outro lado, esses centros urbanos, com seus habitantes cada vez mais educados e remunerados, também parecem ser uma fonte de ideias inovadoras para melhorar a vida no planeta. (2)
Para a socióloga holandesa Saskia Sassem, da Universidade de Columbia nos Estados Unidos, esses conglomerados urbanos, pela influência econômica e política global, também aumenta a produtividade humana, permitindo que as pessoas se encontrem para trocar ideias e gerar iniciativas revolucionarias. (3)
Por volta do ano de 1300 Ac., uma nova forma de escrita surgiu na costa oriental do Mar Mediterrâneo, com 22 letras. O alfabeto fenício era flexível o suficiente para escrever qualquer palavra. Ao simplificar a leitura, abriu um novo caminho para disseminação do conhecimento em várias terras.
 A, B, C, D, E... Sem saber, alunos de hoje que recitam as letras do alfabeto estão repercutindo sons que viajaram milênios, vindos de Biblos, a cidade da antiga Fenícia, hoje Líbano, onde a primeira forma de escrita alfabética foi introduzida. A inscrição alfabética mais antiga é um 'epitáfio' gravado no sarcófago do rei Ahiram, que reinou no século XIII Ac. No século seguinte o uso do alfabeto já parecia estar difundido na região de Biblos. (4)
Os gregos usavam a palavra "Biblos" para designar a cidade e a sua principal mercadoria: O PAPIRO DO EGITO. Mais tarde usaram a palavra "biblía" para designar livros. A palavra portuguesa BÍBLIA se origina de "biblía".
E é exatamente no primeiro livro da Bíblia, <<< Bereshit, que na versão grega do 'antigo testamento' foi chamado de Gênesis (tradução precisa) termo que significa  Começo  >>> um dos primeiros livros escritos fazendo uso da nova e revolucionaria ideia  -- o alfabeto de 22 letras -- é que está registrado a história da fundação da primeira CIDADE. Uma historia que mostra o mesmo conteúdo visto nas cidades atuais: Violência, Degradação e Devastação.
Os leitores mais zelosos ao examinarem o capítulo 4 do livro de Gênesis, irão facilmente concluir que:
1- Caim, reconheceu ser o assassinato de Abel, o motivo pelo qual YAHWEH o condenou a ser banido do "Solo Fértil", e, a viver "errante" sobre a terra. 
2- A principal consequência do 'modus vivendis' de Caim foi a construção e fundação da "primeira cidade" mostrando ser ela "solo improdutível",  assim como um "local de exílio". [ essa mesma explicação é mostrada também em Gênesis 47: 13 a 26, quando José adquire todas as terras do Egito para Faraó, à época dos sete anos de escassez ( o sonho das vacas magras). 
A bíblia diz: Quanto aos homens "ELE OS REDUZIU À SERVIDÃO", de uma extremidade a outra do território egípcio. O texto entre aspas no hebaico, língua na qual o livro de Gênesis foi originalmente escrito é: ELE OS DEPORTOU NAS CIDADES.]
3- CAIM ao construir a primeira cidade tornou-se o "pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros, e das mulheres alegres de vida fácil -NOEMÁ- ", que proveem às "comodidades e aos prazeres da vida urbana". [ esses progressos  são atribuídos à linhagem de Caim o 'amaldiçoado'; e a mesma condenação da vida urbana é encontrada no pós diluvio, por ocasião da construção da Torre de Babel, em Gênesis 11, 1 a 9.]
4- A declaração de Lameque sua esposas Ada e Selá é uma espécie de "canto selvagem" honrando ao mesmo como sendo um "herói do deserto", e também, com a finalidade de exaltar a crescente "violência" da descendência de Caim.
Ao olharmos para os problemas vividos pela população das megalópoles do século XXI será visto uma reprodução da narrativa de Gênesis capítulo 4.
A violência, os prazeres mundanos, a escravidão ao trabalho, a degradação do ser humano, e a desconsideração pela vida humana foi a "semente" plantada por Caim, e se constitui nos frutos que alimentam a população atual. 
Seguindo essa linha de raciocínio, não é muito difícil perceber que apesar de a DEVASTAÇÃO AMBIENTAL acontecer em vários lugares, sua causa primária está localizada na cidade. Como foi no "passado", como é no "presente", e tal   como será no "futuro", a causa inicial de todos os tipos, e, também de todas as formas de devastação  é a "corrupção da natureza humana", que se manifesta em uma "rebeldia" contra IAHWEH < DEUS> destruindo sem discriminação, de modo direto e indireto, tudo que ELE criou, em contraste com a "exaltação" do  "EU", eliminando tudo o que coloca em risco a plenitude do prazer.
(1), (2), (3) = revista ÉPOCA, edição verde de 06-06-11, numero 681.
(4) = A aventura das descobertas e invenções de 1200 a.C. a 1000 d.C. "da idade do ferro à idade das trevas" - Seleções Reader's Digest.
Obs: Próximo post - reflexão em Ap.18, << a cidade de Deus>>

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ENSINOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BÍBLIA



No início do cristianismo conforme o livro dos ATOS DOS APÓSTOLOS, os seguidores de Cristo foram tenazmente perseguidos pelos judeus; perseguição legitimada e comandada pelo sua instituição maior que era o SINÉDRIO.
Já na  Idade Média aconteceu exatamente o inverso. Houve na Europa uma intensa perseguição aos judeus por parte dos cristãos, sendo que essa perseguição foi legitimada e comandada pelo órgão máximo do cristianismo, ou seja a "Igreja" sediada no Vaticano.
O interessante é que as duas perseguições apesar de terem acontecido em épocas diferentes, em países diferentes, e serem realizadas  por pessoas diferentes possuem a mesma "viga" de sustentação, como mostrado a seguir:
a-- Os judeus perseguiram os cristãos por considerarem o ato de seguir os ensinos de JESUS como sendo heresia e blasfêmia contra Yavewh.
b-- Os cristãos perseguiram os judeus os entregando as autoridades eclesiásticas afim de serem queimados nas "fogueiras santas" por considerá-los bruxos e feiticeiros,  ou seja por cometerem heresia e blasfêmia contra Yavewh.

OBS: 1- A conclusão de que os judeus fossem bruxos ou  feiticeiros se deu porque na "idade Media" a Europa foi vitimada pela "peste negra", causada pela pulga dos ratos silvestres e atingiu níveis de mortandade altíssimos, (cerca de 1/3 da população) devido a ausência do predador natural dos ratos --GATOS -- aliado a inexistência de práticas de higiene adequadas, porém no meio do povo judeu o índice de mortos foi bem menor. Por essa razão deduziu-se que eles fossem discípulos de Satanás, porque para a Igreja oficial ( Igreja Papal), a peste era um castigo de Deus.  
c- As duas perseguições foram classificadas legítimas porque combatiam heresias e blasfêmias, e como foi visto o Deus ofendido era o mesmo. Diante deste fato uma pergunta é necessária: "COMO PODE SER DESTA FORMA?"
RESPOSTA: Falta de um exame minucioso das ESCRITURAS SAGRADAS.
d- Os judeus do século I consideraram heresia seguir a JESUS CRISTO, porque não entenderam que ELE era o MESSIAS anunciado aos pais pelos profetas.
Já os cristãos da IDADE MEDIA não entenderam que os judeus foram menos atingidos pela PESTE, devido a pratica dos rituais de purificação ensinados no livro de Levíticos. 

OBS: 2- Esse detalhe só foi descoberto pelo médico sanitarista PASTEUR no século XIX.
Nos dias atuais há várias doenças, -- a dengue é o maior exemplo-- que possuem como principal fonte alimentadora a falta de higiene ambiental, mas como nos séculos I e XIV, as ESCRITURAS SAGRADAS são mal interpretadas, impossibilitando uma visão nítida sobre o comportamento que os cristãos devem assumir em relação a preservação ambiental. 
Na atualidade a maioria dos cristãos considera a Bíblia como sendo  "revelações de Deus", e não "Deus se revelando".
Este pequeno, mas substancial detalhe impede a conscientização de que a única razão da existência da Bíblia é um algo chamado PECADO, e que todo mal existente na face da terra é consequência desse mesmo PECADO.
ausência desta conscientização além de impelir à uma aceitação de  "espiritualização equivocada da Bíblia", também impede que a mesma seja lida de forma coerente induzindo as pessoas a se tornarem "cegas" em relação ao discernimento do soberano propósito de Deus.
ausência desta conscientização se constitui também, em um entrave ao entendimento de que a Bíblia é acima de tudo o ensino dos princípios divinos, e, que esses ensinos tem como foco principal oferecer aos ELEITOS, não só a melhor fórmula para o retorno ao Jardim do Éden, mas igualmente a melhor forma para  uma sobrevivência saudável e harmoniosa com os cardos e abrolhos produzidos pelo Jardim Atual.

Conforme relato Bíblico: EXODO,12. 37 e 38 <<< "Os israelitas partiram de Ramsés em direção a Sucot, cerca de SEISCENTOS MIL HOMENS DE PÉ -- somente os homens, sem contar suas famílias-- Subiu também com eles uma multidão misturada com ovelhas, gado e muitíssimos animais.">>>
Por este relato pode-se facilmente ter uma ideia de que a dimensão de cada acampamento formado pelos israelitas no deserto durante a jornada de QUARENTA ANOS -- "Então, vieram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali, junto das águas, acamparam. (Ex,15.27)"--- chegavam ao porte de cidades como Goiânia, Manaus, Niterói, etc.
Pelo relato Bíblico também pode-se facilmente imaginar que se não houvesse regras higiênicas rígidas, seria simplesmente inviável a vida nesses locais.  
A BÍBLIA é a "Palavra de Deus", e essa palavra é dirigida aos homens não apenas como mandamentos ou como meio de santificação,mas, principalmente no sentido de  harmonizar o relacionamento entre o CRIADOR e a CRIAÇÃO, sem esquecer que o HOMEM e a NATUREZA são os dois únicos integrantes da CRIAÇÃO.
O HOMEM, em sua vida natural é totalmente dependente da NATUREZA, e o seu comportamento em relação a ela é o fator determinante da qualidade de sua vida física e biológica.
Aqueles que buscam nas páginas da BÍBLIA meras revelações individuais, NÃO terão o imenso prazer de descobrir que principalmente os livros:  ÊXODO, LEVÍTICOS E NÚMEROS se constituem no maior compêndio de ensino sobre higiene, educação e preservação ambiental já escrito até o século XXI.





NOTA: COMO ILUSTRAÇÃO E INFORMAÇÃO É IMPORTANTE LER OS ARTIGOS: PESTE NEGRA- as condições de higiene na idade média __ A pandemia de peste negra no século XIV, de Patricia Barbosa da Silva, professora licenciada pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande- FURG, 
http://www.coladaweb.com/historia/peste-negra-as-condicoes-de-higiene-na-idade-media
SANITARISMO, DEMONOLOGIA E DENGUE, de Gismair Martins Teixeira, Mestre em Literatura e Linguística pela Universidade Federal de Goiás.

sábado, 25 de junho de 2011

A IGREJA E A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL = 3ª PARTE << REFLEXÃO >>

..."Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam chance de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonham deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade". ( Hebreus, 11. 13 a 16).

Na condição normal, como habitante das trevas o homem vive a indagar:
"QUEM SOU?". "PORQUE ESTOU AQUI?". "PARA ONDE VOU?".
Por mais que procure, por mais que adquira conhecimento, a resposta, e o sentimento interior, são sempre os mesmos: 
"NÃO SEI PORQUÊ, NEM PARA QUÊ, MUITO MENOS POR QUEM OU PARA QUEM FAÇO."
Vivo uma guerra sem motivos, uma luta inglória, um sofrimento inútil. Sou uma árvore sem frutos, um pássaro sem ninho, um time sem torcida, uma torcida sem time. O futuro é incerto e vazio; o presente sem razão; ambos se apoiando nas recordações de um frustrado passado e sendo todos passageiros de um trem vazio sem ninguém a espera na estação final.

No dia que esse homem conhece a Jesus, e é tocado pela graça de Deus liberada na ENCARNAÇÃO, CRUCIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO [ obra da cruz ], ele entende sua condição de peregrino nesta terra, e, sua vida nela como um longa viagem em direção a uma "estação final" situada na pátria celestial. O entendimento se torna mais claro quando se faz uma analogia dessa viagem, à uma viagem de trem, pois, a viagem de trem, além de ser a mais segura, é também a mais poética. Ao viajar de trem, vários tipos de paisagem se descortinam diante dos olhos; é mostrado que assim como na vida terrena, se sobe, e se desce montanhas; caminha-se por verdes e por secos vales; pequenos e grandes rios são atravessados; há momentos de calor e momentos de frio. A cada lugar que o trem faz parada, embarcam e desembarcam pessoas, e ao se comparar cada intervalo entre esses locais de parada, como sendo um ano de vida terrena, irá se constatar que a cada "estação" situações diferentes são presenciadas, novidades são vivenciadas, novas pessoas são conhecidas, muitas pessoas deixam de serem vistas. A cada mudança de situação, a cada nova paisagem surgida, ou seja a cada ano ou "estação", a viagem chega mais perto do fim.
Quando se viaja de trem vive-se momentos alegres e tristes, porém há algo que traz uma alegria diferente, transformadora: -- saber que na "estação final" há alguém especial à espera, podendo ser os pais, os irmãos, o noivo (a), o esposo (a), amigos, etc.-- Este saber proporciona uma alegria fulgurante, fazendo que até o feio se torne bonito. Os campos verdes são mais verdes, e os secos não mais secos, apenas passam por uma pequena escassez de chuva; o vento frio é para amenizar o calor, o sol quente para aquecer o vento frio. Não há monotonia e o intermitente barulho das rodas sobre os trilhos é como o acorde de uma bela sinfonia.

O novo homem quando entende que sua "estação final" é na pátria celestial, e que nela, Jesus o Senhor e Salvador está a sua espera juntamente com o Pai, torna-se sabedor do "PORQUÊ", "PARA QUÊ", "PARA QUEM" e "POR QUEM"!
A guerra tem motivos , a luta é gloriosa, o sofrimento aperfeiçoador. As árvores dão frutos, os pássaros possuem ninhos, a torcida comemora títulos, e, assim como o apóstolo Paulo (capítulo 3 da epístola aos filipenses) também pode afirmar que o "passado" com suas intempéries para trás ficou e no "presente" pode prosseguir com firmeza, pois está ciente e consciente que no "futuro", na "estação final" o seu alvo, o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus está a sua espera.

Que a cada dia, cada hora, cada minuto e cada segundo, todos saibam agradecer a Deus por proporcionar essa viagem, sem esquecer que "TODA CARNE É COMO A ERVA E TODA SUA GLÓRIA COMO A FLOR DA ERVA. sECA-SE A ERVA E CAI SUA FLOR. SOMENTE A PALAVRA DO SENHOR PERMANECE ETERNAMENTE" [ 1ª Pedro 1.24 ].